.... CUIDADO LÍDER!

 

A cilada da zona de conforto.

Lá está ela, implacável. Como uma sina, atinge todos, em maior ou menor intensidade. Quanto mais distraídos, com maior intensidade e piores seus efeitos. Se as coisas vão mal, somos compelidos pela apatia. Se as coisas vão bem, somos traídos pelo deslumbramento. Basta um resvalo, e lá estamos nós estatelados na perigosa, traiçoeira e imperceptível (por isso ainda mais danosa) zona de conforto.

Identificamos a zona de conforto como a vida na mesmice. A vida para levar e não para valer. O trabalho repetido a cada dia sempre do mesmo jeito e as coisas feitas sem muito pensar. Automaticamente, de tão iguais. Há quem até ache uma maravilha essas imutáveis rotinas, que dão a falsa sensação de segurança, por acontecerem sem nenhuma surpresa. Parece que tudo está sob absoluto controle. O máximo da eficiência está numa lista de itens de afazeres ticados ao final da jornada, para repeti-los sempre do mesmo jeito no dia seguinte. 

A zona de conforto está no sentido contrário do sucesso. Representa acomodação, estabilidade, passividade, complacência. E, nos negócios, complacência é morte! Assim tem sido a história de nações, empresas e profissionais decadentes. Caíram na cilada da zona de conforto, lá se instalaram e de lá não conseguiram mais sair.

Em contraponto à zona de conforto, existe a zona de expansão. Enquanto na primeira tudo é rotina e repetição, nessa prevalece o aprendizado contínuo e a inovação. A miopia dá lugar à luz e a regularidade cede espaço às idéias.

Olhada a questão desta perspectiva, tão consciente, parece apenas uma questão de escolha e seria de se estranhar alguém preferir a zona de conforto à zona de expansão. Mas, espantosamente, existem mais empresas e profissionais na zona de conforto do que seria razoável. Sem ter, porém, a menor consciência disso. Pior: na certeza de que está tudo correto e, se possível, com a tendência de criar outras e outras rotinas. Se identificarmos as razões pelas quais isso acontece, poderemos colocar em marcha e em bom ritmo nossas empresas e carreiras.

Os bloqueios

  • Para algumas culturas organizacionais, trabalho é coisa séria. A sisudez prevalece nas salas e corredores e as brincadeiras são tolhidas. Qualquer atitude mais alegre ou leve parece, nesse triste contexto, ridícula ou tola. O ambiente exerce uma censura sobre os comportamentos e dificilmente acolhe de bom grado as novas idéias. O que conta é cumprir a rotina, executar as tarefas, fazer a hora. Perde-se a graça e junto ao mesmo tempo (é uma conseqüência inexorável) a criatividade.
  • A rigidez é um outro tipo de bloqueio. Está ligada às certezas absolutas e inquestionáveis. Novos pressupostos são desconsiderados. Algumas "verdades" são consideradas intocáveis e não existe disposição para colocá-las em xeque. Ao contrário, existe uma persistência quase irracional na afirmação e no esforço de manter procedimentos não funcionais. Culturas organizacionais dessa natureza não são abertas à oposição e são convidativas à zona de conforto.
  • Algumas empresas exageram na reverência ao passado. Ícones da sua história funcionam como fantasmas interventores de decisões e ações. Está lá, na parede da sala de reuniões, a foto do fundador com o seu olhar crítico recomendando que as coisas sejam feitas na forma tradicional, como se o tempo tivesse parado onde ele também permaneceu. O resultado disso é um ambiente de conformação, característico da zona de conforto, onde prevalece a força do hábito.
  • Existem empresas que vivem a síndrome da pressa. Seus funcionários estão sempre atabalhoados e o corre-corre faz parte da cultura de trabalho. As reuniões são interrompidas com freqüência pelos telefonemas urgentes. Dificilmente conseguem tratar de temas importantes, mergulhados na solução de problemas considerados emergentes. O que tem de mais irônico nessa cultura da pressa é que existe muito movimento, mas pouca ação muito esforço, mas pouco desempenho. Todos desperdiçam uma enorme quantidade de energia no vaivém ... exata e paradoxalmente para deixar as coisas como estão e esse é um jeito maroto de se manter na zona de conforto.
  • Fixar-se na zona de conforto pode transparecer um tipo de relaxamento, mas em geral não é o que ocorre. Na verdade, o fluxo natural dos acontecimentos tende a nos compelir para fora da zona de conforto e fixar-se aí exige um bocado de esforço. É quando tentamos arduamente conseguir algum tipo de resultado ou forçar a solução de algum tipo de problema. É lutar contra a natureza.
Os medos


Numa certa medida, o medo impulsiona e nos coloca em movimento. Se for desmesurado, no entanto, paralisa. Está aí o maior bloqueio à migração de uma zona à outra. Mas existem algumas categorias de medos a exigir identificação para que possam ser combatidos. Nada pior do que a inconsciência para perpetuar atitudes negativas. Então, atente para esses inimigos sorrateiros.
  • O medo do fracasso é uma das grandes razões de fixar moradia na zona de conforto. É satisfazer-se com menos, para evitar a possível dor da perda ou a vergonha de fracassar. A segurança e a falsa impressão de estar em um ambiente de trâmite fácil prevalecem sobre a aventura e o risco. Essa fuga à frustração faz com que se desista cedo demais diante dos bloqueios e obstáculos. Sabe-se que é na superação destes que se encontram os mapas do tesouro para vitórias até mesmo insuspeitadas.
  • A zona da expansão é o reino do desconhecido. Nada mais assustador para aqueles que necessitam conhecer o futuro, antes de agir. Como o futuro é sempre duvidoso, então resta a opção de se refugiar em um porto seguro, onde o que prevalece é a mesmice. No fundo, o que está por trás do tão propalado medo do desconhecido é a necessidade de controle e de estar no domínio da situação. Nada mais adequado para sobreviver na zona de conforto.
  • É fácil reconhecer o medo do fracasso, mas por incrível que pareça, existe também o medo do sucesso, esse mais sutil e, portanto, mais perigoso. Isso porque ninguém é contra o sucesso, a priori, mas não são todos que estão dispostos a arcar com os seus custos. O sucesso cobra sacrifícios, pressupõe preparo e exige responsabilidades diante das novas conquistas. E é, sobretudo, um fruto da entrada em terrenos desconhecidos, sobre os quais não temos nenhum controle.
A saída da cilada

Pense bem! Você gostaria mesmo de colocar a sua empresa ou a sua carreira na zona de expansão? Você está disposto a trocar a tranqüilidade pelo desafio e correr o risco de trocar seis por meia dúzia? Aí está o xis da questão. Vista dessa maneira, a proposta parece pouco estimulante. Se não existir algo maior do que os bloqueios e os medos que acabamos de enumerar, fatalmente deitaremos no berço esplêndido da zona de conforto. Antes de tudo, portanto, há que decidir o sentido a tomar: permanecer com as âncoras abaixo da superfície ou recolhê-las para que o barco navegue em direção a novas conquistas.



É preciso, antes de tudo, um propósito, uma visão de futuro, um ímã, algo que atraia e que torne compensador fazer a migração da zona de conforto à zona de expansão. Mas atenção: mais que vislumbrar um melhor futuro, há que visualizar um futuro com significado. Somos e seremos sempre pessoas em busca de sentido para a nossa vida e o nosso trabalho. É isso que nos dá a força motivacional para ir além da zona de conforto e prosseguir mesmo diante dos medos que, na ausência de uma visão de futuro, tornam-se o centro da nossa atenção.

Visão de futuro é criar uma imagem de sucesso, que ilustre os benefícios e as recompensas dos nossos esforços. Somente uma visão com significado é capaz de romper os bloqueios e vencer os medos que impedem a conquista de uma vida mais vibrante.

Mas atenção, ninguém duvide: os bloqueios e os medos lá estarão para sabotar o progresso. Das duas, uma: a covardia ou a coragem. No primeiro caso, a tendência será fugir. Resista. Não se entregue. Encare-os de frente. Identifique-os! Identificá-los é o primeiro passo para governá-los, em vez de sermos governados por eles. Sua origem está nos modelos mentais que se transformaram em práticas e comportamentos. Foram, portanto, aprendidos. Podem ser também desaprendidos.

Alerta final

Ímpetos de coragem não são, necessariamente, o fim da maldição da zona de conforto. Podem ser uma descarga momentânea de adrenalina que traz aquela vontade súbita de mudar tudo da noite para o dia. Nada mais que um repente. Isso quase sempre é mais desastroso do que construtivo. Importante é romper com os hábitos negativos que constroem a cultura do conforto e substituí-los a cada dia por novos comportamentos, voltados ao aprendizado e à criatividade.

Nada melhor do que um novo conhecimento ou de uma nova idéia para semear a coragem duradoura e sair de vez da cilada da zona de conforto.
                                                           BOA SORTE!!!

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